Nos últimos anos, as pequenas cidades mineiras têm experimentado um grande avanço na economia: geração de empregos, crescimento da renda e um expressivo aumento populacional. O problema é que esse crescimento aconteceu de forma desordenada. Junto com as inúmeras indústrias, dinheiro e novos moradores, surgiu a criminalidade.

Santa Luzia

A atual estrutura de segurança pública não suporta a nova realidade. Nos fins de semana e feriados após as 18 horas, policiais militares da cidade de Conceição do Mato Dentro têm que enfrentar 300 km de estrada com os presos para registrar boletins de ocorrência em Santa Luzia. Para administrar conflitos como esses, há apenas uma delegada, dois escrivães e quatro investigadores para apurar, não só crimes cometidos no município, mas também em cinco cidades vizinhas, além de resolver questões do trânsito e de identificação de pessoas.

Os números da violência na cidade contabilizados pela Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) não correspondem à realidade. Prova disso é que dos 5.601 boletins de ocorrência entregues pela PM de 2013 até o dia 3 deste mês,mais de 70% não tiveram andamento. Por isso, apenas as prisões em flagrante são despachadas na hora e ainda assim a única delegada do local precisa filtrar os casos de maior relevância.

Mais grave ainda é a denúncia de que PMs estariam “desqualificando” crimes em seus boletins de ocorrência e soltando presos para não precisar passar horas na estrada – sem contar o tempo de espera até serem atendidos na delegacia da Grande BH.

“Um PM que está trabalhando há 10 horas e que no final do plantão pega uma ocorrência de tráfico de drogas, desqualifica o crime para uso e solta o preso. Tentativa de homicídio acaba virando lesão corporal”, denunciou um policial civil, que pediu para não ser identificado.

Os muitos casos de furto são facilitados por hábitos típicos de moradores das cidades do interior, como deixar janelas abertas e guardar dinheiro em casa por exemplo, mas a modernidade também acaba oferecendo oportunidades para crimes mais ousados, como é o caso das quadrilhas especializadas em explosão de caixas eletrônicos, que assustam as pessoas que não conseguem mais conviver com a paz.

Fonte: www.em.com.br.